domingo, 18 de maio de 2008

Suspenccio


Capitulo Primeiro de uma história que sequer começára.

" Encabeçado pelo sentimento sombrio da solidão , aquele homem sentado na cama sob a luz do abajur
achava se muito feliz hoje, a cor do seu apartamento estava bege hoje,quente,não demais, apenas
quente o suficiente para que não sentisse frio abaixo de seu fino sueter de lã.
Decidiu que iria se deitar, estava cansado.Muito trabalho.muitos deles...
Seu Sono não andava bem , a quantidade de horas em que ele podia dizer que descansava era pifia
, seus filhos ja não o viam fazia pelo menos duas semanas.
Sim tinha filhos.
Dois.
Uma menina e um menino.

Amava os acima de tudo , acima da própria vida eu diria,redimia se pensando assim.Havia tido muitas ocupações na infância.Nasceu mirrado no interior do estado , numa cidadezinha pequena no meio do vale do paraíba.Miracatu.
Já ouviram falar ? Não não é mesmo? Cidade da Banana.Todas delas.Maçã,Pêra,Nanica e Prata.No verão era banana até dizer chega e como ele gostava daquilo! a cidade era tão enorme para ele podia passar horas redescobrindo os lugares que todos os dias ele mesmo visitava falando com as mesma pessoas que ele conhecia todos os dias de novo e de novo e de novo!
Mas aquilo era passado aprendera a desvencilhar se do passado nos últimos dias,por isso comprara o abajur.Nunca teve um, queria comprar um faziam meses.Seus filhos tinham em seus quartos mas ele não.
Muita coisa ele nunca teve e agora sentia que devia ter.
Na adolescência não era um primor de beleza, mas encantava justamente por isso ! sua beleza era urbana, corriqueira e despreocupada mudou se para são Paulo com 15 anos sua familia havia se desfeito com a morte do pai em 1998.O dia em que a Terra Parou.Pelo menos a sua terra.No próximo ano ela recomecara a girar quando nasceu Geovanna , hoje ela tem oito anos e é a imagem da mãe.Lembrança do seu passado feliz e presença no seu presente feliz.
O trabalho era extenuante.Eram 13 horas por dia.Todas as longas treze horas eram cumpridas a risca era responsável, enérgico e sensato.Eficiente.

Não era o bastante.
Queria mais.

E teve mais.

Sobre os anos que passou sozinho pouco falava, havia tido uma experiência esplendorosa em 25 de janeiro de 2000.
Sobre isso que iremos falar em breve.

...

O quarto estava realmente agradável .Deitou se e aguardou o sono vir.Ele veio.E com ele as lembranças.
O quadro.A luz.E o dia em que sua terra parou pela 2°vez.

3:02hs
O telefone estava tocando mas ele não podia atender.Estava vendo-o tocar.Mas não podia pega-lo.Estava vendo-o de cima.Esta vendo a si mesmo de cima.
A luz bruxuleante do abajur estava iluminando seu rosto.Estava pálido e suando.O suor estava tão nítido ali a três metros de distancia que ele mesmo diria que estava vendo alguém convulsionando mas ele estava plácido e a cena o perturbava imensamente.Quis descer mas não podia,não agora.Sim Estava Suspenso.Suspenso por algumas horas...

Um comentário:

Karina disse...

E por agora, tive vontade de falar algo que por mim já foi dito e também ,por enquanto, imortalizado:



O meu quarto já foi rosa,
já foi azul e roxo
Foi também amarelinho,
foi pintado de disgosto.

Meu quarto teve bonecas
teve ursos e livros.
Meu quarto teve incenso,
teve biblías e vestidos.

No meu quarto tem brinquedos,
Filmes e discos.
Meu quarto teve tapetes,
chão gelado e doído

No meu quarto tem perfumes,
e canivete no armario.
No meu quarto tem tv,quadro e dicionario.

O meu quarto já foi meu,
e de todos neste mundo.
O meu quarto é um espelho,
e nem me vi nenhum segundo.

Hoje meu quarto não tem paredes
Nem objetos decorando.
Hoje sou tudo o que sobrou dele,
e ele,tudo o que esta faltando.

(O quarto, Karina Borges.)